01/04/2006 - Dia da mentira.
Na crença popular, dia primeiro de abril é o dia da mentira. Porém, esse foi a data que demos o pontapé inicial no projeto da FBITS. Nessa época montamos a empresa num escritório no centro de Curitiba.
FBITS significa Fábrica de Bits, abrimos a empresa com o conceito de ser uma fábrica de software, em 2006 estávamos numa maré positiva na economia no Brasil.
Nessa data em uma meia laje de um prédio no centro começamos. No início herdamos os funcionários da empresa ACOM sistemas empresa resultante da cissão da EBS, nascemos grande com 12 colaboradores, já tínhamos um cliente que consumia toda operação. O Cliente também foi sócio da empresa, fomos três sócios até 2011 dividindo a sociedade em três partes iguais.
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Nem sabia desse significado até 2015. Fomos durante muito tempo um negócio que vingou sozinho, lembro que levantei um empréstimo com a minha tia para a compra dos primeiros computadores da Dell que fizeram parte da FBITS. Esse foi o investimento que fizemos, as mesas foram adquiridas pelo próprio trabalho com a ACOM, ou seja fizemos uma compra de ativo em troca do contrato de prestação de serviço.
Combinados, nem tão combinados assim.
Como falei fomos três sócios, dois estavam na operação o outro entrou como cliente/investidor, aqui eu acredito que foi um dos maiores aprendizados na minha vida. Não combinamos bem os termos, ficou muita coisa subjetiva e isso custou caro lá na frente.
Combinamos de ter um salário, cada sócio, esse salário seria reajustado conforme a convenção coletiva dos funcionários da FBITS. A empresa no início também acordou com plano de saúde e plano de celular, já que era a principal ferramenta de trabalho nossa, lembrando que nessa época meu celular era um Motorola Startak, iPhone ainda não fora lançado.
Eu e o sócio que ficamos na operação nessa época tínhamos pouco mais de 26 e 28 respectivamente. Éramos imaturos para ser empresário. Mas tínhamos uma convicção, querer fazer diferente das empresas de onde viemos.
Pessoas e o papel fundamental delas na operação.
Quando começamos a FBITS uma das primeiras coisas que fizemos foi estruturar um plano de cargos e salários, definindo bem o que cada programador, analista e teste fazia. Queria ser uma empresa enorme na área de prestação de serviço, e seria essencial ter essa organização. Já que vendíamos horas de pessoas, precisávamos ter uma excelência no controle de todas as horas produzidas.
Controle, controle e mais controle.
Nossa moeda era o valor hora, existia um indicador que controlava qual era o nosso custo médio por hora de trabalho, logo para ganhar dinheiro nesse modelo de negócio você precisa desenvolver um software pelo valor orçado para o cliente. Ou seja, se planejamos desenvolver um app por 100 horas, tínhamos que conseguir desenvolver ele por 100 horas, pois no valor que cobrava a hora já estava embutida a nossa margem de lucro. Tentar vender algo por 100 horas sabendo que iria desenvolver por 50 horas era algo que não fazíamos, já que desde o começo sempre presei pela transparência e clareza nos negócios.
Já de partida percebemos o quanto isso é trabalhoso, e a quantidade de variáveis envolvidas na construção de um software. Comemos a gastar tempo com treinamento das pessoas. E logo nos primeiros meses iniciamos com um parceiro externo que veio ajudar com o planejamento estratégico da empresa. Esse parceiro trabalhou conosco até a venda para Locaweb (LWSA) em 2016.
Controlar também exigia uma dose de processos. Na EBS e na ACOM, ambas empresas no passado estavam investindo em processos e treinamento para tornarem o processo de desenvolvimento melhor, vamos chamar assim. Na época estava muito na moda uma certificação global chamada CMMI. Esse modelo media a sua maturidade nos processos de desenvolvimento. Além de custar caro era necessário investimento em pessoas, processos e ferramentas além do próprio custo da certificação. O Brasil lançou uma iniciativa via Softex chamada MPS.Br, esse processo era espelhado ao CMMI, mas muito mais próximo à realidade das empresas brasileiras. A FBITS foi umas das pioneiras nisso é conseguiu a certificação nível G em 2008.
Desenvolvemos um sistema chamado GPF (Gestão de Projetos FBITS) para controlar cada projeto, cada atividade, cada timesheet. Ele rapidamente ganhou o apelido de X9 na empresa. Pois, era cheio de controles para não deixar ninguém fazer fora do processo, bem como enviava notificações para os superiores quando as pessoas estavam sem “apontar”. Apontamento era o nome do registro que controlava que o colaborador estava trabalhando em determinada atividade. Todo mundo apontava um percentual de horas por dia. E o apontamento era marcado até para atividades como avaliação de desempenho, treinamentos, visitas a clientes, reuniões, deslocamentos… Nesse período achava isso legal e que isso daria um certo controle de que as coisas estavam sendo feitas da maneira correta.